segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Finalmente assisti Tropa de Elite 2 e... em Tiradentes!!!

Tropa de Elite assalta a cidade de Tiradentes


Tropa de Elite 2 é realmente o grande filme nacional de 2010.
Até eu assistir algum melhor.
Ver um filme da magnitude política de "Tropa de Elite 2" num festival como a Mostra de Cinema de Tiradentes: privilégio para poucos. O filme foi exibido na sessão das 18h, completamente lotada no dia 22/01/2011.
O que mais me chamou atenção foi o grande desempenho dos atores coadjuvantes. Como tudo na continuição é culpa do "sistema", a participação das personagens que cercam o agora Subsecretário Nascimento foi precisa.
Gostaria de destacar três aspectos muito importantes para o filme e para o cinema nacional.
Longe de se limitar apenas a um "thriller policial", o filme ganhou muito mais complexidade. A câmera ágil do diretor e a excelente fotografia do mestre Lula Carvalho construíram uma atmosfera que vai cercando o espectador. Vamos sentindo que está tudo dominado, "tá tudo dominado".?...
A produção de Marcos Prado garantiu ao filme, todos os requintes de um bom filme de ação, efeitos especiais, som de primeira que nos coloca dentro das ações policiais e um realismo emocionante.
Mas quando tudo caminha para uma certa unanimidade, precisamos desconfiar. Chamar o problema de "sistêmico" lembra muito o conceito que Pierre Bourdieu utilizou para falar do Poder Simbólico,  que é invisível porque "todos" pensam que não está ali.
E é aí que as personagens voltam a sustentar a história. Por trás das armadilhas em rede do poder político, escondem-se personalidades, doentias ou não que dão rumo aos acontecimentos, fazendo a história acontecer.
O trabalho de Sandro Rocha, como o Major homônimo é uma peça importante para entender que os mecanismos da polícia também são subjetivos. A ideia de trabalhar com mais complexidade salvou a pele do Capitão Nascimento, do soldado e agora também graduado Matias. Todos são extremamente  voluntariosos para apenas se renderem ao sistema.
O charme do cinema é exatamente a possibilidade de encarnar papéis com a genialidade dos atores guiados por ideia e propostas de diretores que arriscam suas interpretações sobre a realidade.
E é simplesmente contar uma boa história.
O público “foi assaltado” em Tiradentes. Roubaram o resto de inocência que possuíamos sobre a negligência do Estado e o mau caratismo de certos representantes políticos.
Já é um grande feito para 2010!

Professor Luiz Claudio
Direto da Pousada Mãe D´água em Tiradentes.